quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Não tenho vergonha de ser!

Começo assim, lembrando um comentário de um amigo da faculdade sobre o meu post anterior - O Sexo das Almas:
" Muito bom o texto. Uma prosa poética. Soou-me o AMOR cantado as avessas, como quem consegue ver de um ângulo oposto..."
Começo assim, refletindo os comentários mais analíticos que recebo e dos mais apaixonados também, como o que recebi sobre o post Pra que viver na realidade?

"AMEI o texto, você descreveu o que eu realmente penso."

Sempre recordo-me de uma pequena frase de Mia Couto que diz que "o poeta não gosta de palavras, escreve para se ver livre delas", é verdade. 


A arte da escrita é uma libertação, uma ação que livra-nos de todo movimento interno que aflige-nos. Sim, sei que muitos não escrevem... muitos bebem, muitos entorpecem seu corpo por conta de toda guerra em sua alma... sei que muitos cantam, outros entregam-se a uma busca frenética na expressão de sua arte, sendo de tal forma seus personagens que depois buscam tratar-se para livrar-se também deles... há tanto mistério revelado nos atos e em suas expressões... há tanto...

Sim, utilizei o marcador para esse post na sessão Minhas Impressões, porque na verdade são minhas impressões, minha visão, meu compartilhar. Nem a mim obrigo-me concordar com tais exposições no dia de amanhã, quem dirá o outro! Não obrigo-me a ser o que era antes, a poucos instantes, em anos anteriores, onde firmava-me sobre crenças que hoje foram desveladas à minha alma opondo-me às mesmas. Não obrigo-me a ser e a não ser. Somente sigo.


Outro dia um amigo disse: "Se eu ler eu entendo?" Referia-se a um texto poético pelo qual tenho grande afeição aqui no blog chamado Ele e ela - Plateia de um. Eu disse: sim, entende. Mas penso eu: Nem todos entendem. Não o que se quis dizer, mas o universo imaginado gerado pelo texto lido eleva o pensamento a um universo particular, com interpretações ligadas às suas próprias perguntas e pela parte mais sensível de sua alma.

Costumo relacionar-me com a palavra alma a muitos anos, olho-a como a descrição da revelação do interior do homem, e espero que todos possam interpretá-la nesse simples aspecto também quando refiro-me em minha produção textual.

Como intitulado o post dessa madrugada, digo eu, Não tenho vergonha de ser. Não tenho mesmo! Simplesmente olhei-me assim como quem olha de fora uma vida e pensei: Não tenho vergonha de ser! Não tenho vergonha de expor, não quero enquadrar-me para agradar, para satisfazer outros, para pertencer a algo, para receber elogios, para ser mais amada. Não tenho vergonha de nada do que sou. Um ser se contitui de tudo que viveu, de tudo que experimentou, de tudo que creu, de tudo que herdou, de tudo que aprendeu e de tudo que errou.

Os palcos são meus e eu deles. Os amigos são meus e eu deles. Posso contá-los em poucos dedos de uma mão, mas são meus e eu deles. 



Os textos são meus e eu deles. Os livros são meus e eu deles. Não vejo novela, não assisto tv diariamente, não vejo o que me deprime. Eu optei preservar minha alma do que me é mal e nesse pensamento permaneço até que eu conveça-me de outro.

Sim eu sei, tenho menos limite que antes. Descobri que não preciso e não aceito que me oprimam mais por nada. Abstenho-me de viver tal sensação prisional.

Não gosto de joguinhos. Enfim, tudo é jogo, mas se eu pudesse faria tudo, diria tudo, sentiria tudo de forma clara e exposta, mas isso assusta quem tem medo de viver tudo. Assusta quem ainda se guarda do sofrer.

Lembro-me de um vídeo que dizia que estamos em um grande jogo e que dele não saímos vivos. É bem assim. Se vamos morrer mesmo, corporeamente falando, pra que tanto empenho em não ser tudo que somos?


Aprendi que respondo-me quando pergunto-me. Aprendi que pergunto-me quando não estou plena. Aprendi que o mais difícil é assumir as respostas. Mas ainda assim não tenho vergonha de amar meu cachorro, de beijar e abraçar minha mãe do nada, de gritar enquanto estou no trânsito caótico do Rio mesmo que o outro motorista não ouça o que eu digo... de xingar mentalmente algumas pessoas que deveriam ser xingadas publicamente... ah... não tenho vergonha de ser.

Somente quero a graça de ser tudo que sou. Aprender a sê-lo. E pronto! Exercitar o viver.

Felizes são as pessoas que vivem o que são, que são enquadradas em si e não no outro, não no dito certo, no molde exato, na moda vendida, na verdade comprada.

Em uma outra frase que li dizia:

" O importante é ser feliz e não perfeito."






Eu recebi essas palavras em mim, são inspiratórias. O que eu preciso está em mim e eu sei: Não está a venda! O que eu sou é o que eu sou e disfarçar-me de outro ser é doentio e uma infantilização composta por desejos impostos que nos foram ensinados a sermos felizes quando somos aprovados por todos. 

O que eu preciso eu já sei, está em meu interior e grita por liberdade! O que eu preciso está pleno quando exerço a amplitude da minha personalidade, nas minhas letras, nas minhas cores, nas minhas danças, nos meus sorrisos, nas minhas prosas poéticas, nas minhas roupas de tons fortes, largas e confortáveis... O que eu preciso não encontro no mundo, admito em mim e no meu universo. 


Porque cada um é um mundo. Uma referência, uma poética.


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